sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Google para Historiadores


Empresa americana lança aplicativo que promete conquistar historiadores e pesquisadores de ciências humanas em geral. O que ele faz? Permite traçar tendências culturais e políticas nos últimos duzentos anos.

O Google Labs, inovadora seção de aplicativos protótipos do Google, lançou no último dia 16 de dezembro o "Google Books Ngram Viewer", uma ferramenta elegante e que pode em breve se tornar um verdadeiro aliado para pesquisadores, professores ou mesmo estudantes. O "Books Ngram Viewer" utiliza o banco de dados do "Google Books" (sistema de livros digitalizado online para consulta gratuita) para contar quantas vezes um mesmo nome, frase, termo, expressão ou conceito foi utilizado entre 1800 e 2000. Assim, com apenas alguns cliques é possível saber em menos de um segundo a trajetória de uma palavra ao longo de dois séculos de cultura escrita e descobrir um pouco mais sobre as tendências culturais, políticas e sociais de nosso tempo.

Em um primeiro momento, o Books Ngram Viewer (http://ngrams.googlelabs.com/) não chama muito a atenção dos internautas, hoje acostumados às dezenas cores, animações e outras pirotecnias que os grandes sites promovem para conquistar o público. Em sua tela, o internauta precisa preencher apenas três espaços: palavra(s), período e a língua a ser pesquisada. Depois, basta clicar em "Search lot of books". O sistema, então, irá consultar um banco de dados de mais de 500 bilhões de palavras, divididas entre 5 milhões de livros, publicados entre 1800 e 2008 e digitalizados pelo Google nos últimos anos. Essa consulta - que não leva mais do que dois segundos - gera um gráfico no qual é possível observar a evolução (ou involução) de uma palavra ao longo do tempo.

Essa simplicidade arrasadora é o suficiente para oferecer um mar de possibilidade de estudos. Atualmente, é possível consultar bancos de dados de livros em inglês, francês, espanhol, alemão, chinês e russo. Pode-se inserir uma ou mais palavras. Pode-se ainda comparar os resultados de uma palavra dentro do universo de livros em inglês e em chinês ou espanhol. Por exemplo: o grau de incidência da palavra "terrorism" dentro das publicações em inglês é muito diferente desta mesma palavra em outras línguas, mostrando o lugar que esta expressão tem na cultura americana.

Como tudo começou

O "Books Ngram Viewer" nasceu da necessidade de uma pesquisa acadêmica. Em 2004, Jean-Baptiste Michel e Lieberman Aiden, de Harvard, começaram uma pesquisa sobre verbos irregulares no inglês. Eles desejavam determinar quando formas verbais específicas deixaram de ser usadas em detrimento de outras, mais modernas. Na época, esse tipo de pesquisa implicava na leitura, página por página, de milhares de livros. O processo todo lhes custou longos 18 meses. Pouco mais de um ano depois, os acadêmicos de Harvard souberam dos planos do Google para digitalizar todos os livros do mundo, algo que foi parcialmente alcançado com o Google Books, que digitalizoiu 11% dos livros do mundo. Aquele parecia ser o tipo de tecnologia ideal para a pesquisa de Aiden e Michel e provavelmente para outros milhares de pesquisadores em todo o mundo. Assim, os dois entraram em contato com Peter Novig, diretor de pesquisa do Google. Novig logo percebeu a importância daquela idéia para a ciência e deu carta branca para os desenvolvedores. O Books Ngram Viewer é a versão mais acabada desta idéia e utiliza 4% do banco de dados do Google Books. A nova ferramenta foi lançada na última semana e descrita em um artigo intulado "Quantitative Analysis of Culture Using Millions of Digitized Books", publicado na revista Science (tiny.cc/td0rd). O Google Books Ngram Viewer utiliza um método de modelagem chamado N-gram, que possibilita buscas em sequências de linguagem natural. Para os pesquisadore envolvidos na criação, a ferramente significa a abertura de uma nova abordagem para os estudos culturais. Nos últimos dias, não se fala em outra coisa nos principais círculos das ciências humanas. A sensação é que algo revolucionário está sendo criado.

Historiadores

Para os historiadores, o programa desenvolvido pelo Google é uma ferramenta incrível de auxílio à pesquisa. Como bem se sabe, as palavras não são entidades estáticas, programadas para ter um começo, meio e fim. Mas pelo contrário: são vivas, políticas, sujeitas à ação dos homens em sociedade. E o Books Ngram Viewer mostra muito bem isso. Com ele torna-se possível identificar quais termos são mais sensíveis que outros, desvendar dimensões até então pouco abordadas da memória social e outros processos polítcos e sociais de diversos períodos históricos.

O Café História testou várias combinações. No clássico Brazil x Argentina, na língua inglesa, por exemplo, nós continuamos dando de goleada. O Brasil sempre foi muito mais citado do que o vizinho. No entanto, é curioso observar que tanto o crescimento quanto a queda das referências a ambos seguem o mesmo padrão. A década de 1940 representa o período de maior menção aos dois países, o que pode ser explicado pelo auge da cultua do American Way of Life e sua influência na América do Sul. Confira no gráfico abaixo:

Curioso também notar a trajetória de palavras caras à historiografia. É o caso do termo "holocaust", utilizado para se referir ao extermínio de seis milhões de judeus durante o Terceiro Reich (1933-1945). Segundo o Books Ngram Viewer, a palavra conheceu um verdadeiro boom na década de 1980, o que reforça decisivamente teses acadêmicas já existentes e que apontavam aquela década como um período de consolidação da memória do genocídio nazista. Para os historiadores, a década de 1980 testemunhou uma proliferação de filmes, museus e outros eventos memorialísticos que tiveram um grande impacto na representação do extermínio dos judeus no século pasado, sobretudo na produção de referências bibliográficas.

Esse processamento dos dados, que Lieberman chamou de "culturomics" ("cultorômica", em língua portuguesa), está ao alcance de todos. O site já está no ar, é gratuito e o melhor: pode ser baixado por qualquer usuário e explorado em detalhes, a partir de suas próprias ferramentas de busca. Além do Google e de Harvard, fazem parte da equipe de gerenciamento do Ngram pesquisadores da Enciclopédia Britânica e do Dicionário Americano Heritage. Confira o site sobre a recém-batizada "Culturômica": http://www.culturomics.org/

Enquanto isso, mesmo para os não-acadêmicos, o programa já diverte os meios de comunicação. O jornal OGLOBO fez um contraste entre "women" (mulher) e "man" (homem), descobrindo que o primeiro era raramente mencionado até o início dos anos 1970, momento em que o feminismo ganha força. A partir daquela década as duas linhas do gráfico movem em direções opostas até se encontrarem em 1986. Já o site Read Write Web fez uma série de 10 comparações, que você pode conferir clicandono seguinte link. Destaque para a comparação entre os meios de comunicação:

http://www.readwriteweb.com/archives/10_fascinating_word_graphs_fro....

Não perca tempo. Visite esta importante novidade na internet e faça uso dela para aprimorar suas pesquisas e estudos. A história vem passando por grandes transformações e você não precisa ser um mero espectador.


Fonte: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/arquivo-cafe-historia-google

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O mito da imparcialidade 2

A quem interessa a criminalização da pobreza?
Quem me conhece sabe da minha repulsa pela mídia nacional, logo eu não poderia deixar de me manifestar a respeito da cobertura feita da ocupação das favelas do Rio de Janeiro, Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão.

Rio contra o crime, diz a reportagem
Depois da ocupação das favelas do Complexo do Alemão, Renato Machado, do programa Bom Dia Brasil da Rede Globo, anunciava a ‘vitória’ da sociedade, um ‘dia histórico’ da vida dos cariocas. OK. Sem dúvida alguma é um alívio para boa parte dos cariocas saberem que o governo estadual tomou iniciativa quanto à questão do tráfico nos morros. Mas vamos às questões que passam a margem do debate que a televisão como um meio de comunicação de grande alcance poderia oferecer para informar e instruir a população brasileira sobre o que se passa de verdade, o que esse acontecimento significa, quais são suas causas e consequências, enfim, aprofundar as discussões. Não é isso o que se vê. Muito pelo contrário, a opinião que tenho a respeito é de que esses programas tentam desinformar propositalmente a fim de evitar questionamentos quanto a certas atitudes em nome da segurança pública.
Logo de cara podemos estranhar a dicotomia entre bem e mal apresentada. Os traficantes são maus não é mesmo? Nasceram em localidades miseráveis com os mais altos níveis de desemprego e escolaridade do estado do Rio de Janeiro. Seus espelhos de sucesso profissional eram os traficantes que desfilavam com carros importados. Diriam alguns que trabalho de verdade era o do seu pai, pedreiro, pois apesar de ganhar pouco, ganhava honestamente. Na opinião do garoto sem dúvida o pai trabalhava honestamente porque era imbecil covarde demais para tentar algo melhor. Olharia para você e diria inconvenientemente: Para você é fácil ser honesto. O que esse garoto, agora traficante, responderia quando perguntado se ele se considerava mau?

Quantos deles se tornarão traficantes?
Ou um policial do Rio de Janeiro que ganhando 600 reais tem que subir o morro para fazer cumprir a Lei. Esse policial sabe que lá em cima a Lei que ele conhece não vale nada. Essa “Lei” nunca subiu o morro e os favelados tiveram que inventar uma, não seria agora que eles iriam aceitar a nossa. O policial então vê seus amigos comprando apartamentos e carros novos. O que ele reponderia francamente a respeito de honestidade? Ele se consideraria uma pessoa má?
A essa última pergunta talvez o policial até dissesse que sim, mas que isso era irrelevante, pois que ele não tinha opção, pois bondade e mesmo honestidade não desviam balas nem alimentam bocas, que dirá pagar uma escola particular para o filho, comprar uma jóia para a mulher…

Quanto vale a minha vida?
O tráfico não teria prosperado no Rio não fosse a conivência dos policiais. Enquadrar essas pessoas em boas ou más é tão absurdo quanto separá-las em brancos e negros. As definições podem até servir para seus respectivos fins, mas não exprimem de forma alguma a profundidade do tema.
Um estudo do Núcleo de Pesquisa das Violências da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Nupevi-Uerj), em parceria com o Laboratório de Estatística Aplicada da mesma instituição, divulgado no mês passado, apontou que 41,1% das favelas da cidade do Rio de Janeiro estavam sob o controle de grupos milicianos em 2008. Quase metade. Quem é mocinho ou bandido nessa história?

Ainda sem resposta: Quanto vale minha vida?
A mídia, basicamente falando daquela comandada pelos maiores grupos de comunicação como Organizações Globo e Grupo Abril, age de modo perverso, criminalizando a pobreza, dificultando que sua audiência tenha dados suficientes para formar uma opinião melhor construída, contribuindo para a formulação de diagnósticos falsos e premissas escusas e mesquinhas embasadas em seu ridículo conceito binário social.

Finalmente, a comunidade livre
Não podemos deixar de inferir ao final, de que essa conjuntura elaborada pela mídia nativa seja fruto de seus anseios particulares. É mais fácil exterminar os traficantes do que conseguir que seu filho pare de usar drogas. Tá, ok. Ele pode até continuar usando, mas essa droga virá de origem mais confiável pelo menos daqui por diante…

Jovens moradores de bairros nobres do Rio são presos por tráfico de drogas.

Bill, estudante do 7º semestre de História pela Universidade de Brasília.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Bandeira branca

Sempre que aparece um pano branco um repórter da Globonews explica logo o significado: seria um pedido de paz. Eles também dizem que a população local está recebendo com alegria os tanques de guerra. Pode ser, é dificil nos localizarmos no mar de mentiras que nos cerca. Não sei se eu estivesse no lugar dessas pesssoas se eu estaria aliviado ou simplesmente em pânico. A bandeira branca simboliza paz, é senso comum. Mas, trata-se de um tipo específico de paz: a trégua.

Não se refere à paz num sentido abstrato. Esse tipo de pedido de paz mais genérico parece ser mais comum em certas passeatas de protesto contra a violência, também encarada de modo genérico. A bandeira branca é internacionalmente reconhecida como pedido de CESSAR FOGO. Um pedido que parte de quem está em posição de inferioridade num confronto. É sinal de rendição. E todos sabem outra coisa: é crime de guerra atirar numa pessoa que porta uma bandeira branca.

Ou seja: além de um pedido genérico de paz, a bandeira branca pode significar: por favor, não atire em mim.

Numa rápida pesquisa na internet, não encontrei nada melhor do que isso aqui, sobre a história do uso da bandeira branca. Não estou endossando a reconstrução histórica apresentada. Uma pesquisa mais cuidadosa teria que ser feita nesse sentido. De qualquer modo, o pouco que é dito já permite alguma reflexão.

domingo, 21 de novembro de 2010

sábado, 20 de novembro de 2010

Um historiador não pode se omitir diante de certas coisas

Quem é meu aluno sabe que evito discorrer em aula sobre minhas escolhas político-eleitorais. Não que eu pretenda ser um professor neutro e sim porque acredito que o professor deve incentivar os alunos a fazerem, eles mesmos, suas escolhas (isso também vale para questões teóricas e filosóficas). A tarefa do professor não é convencer o aluno de nada.
Num caso como o desta matéria que saiu no Globo (sobre documentos produzidos na ditadura sobre a Dilma Rousseff), existem mais coisas em jogo do que opções eleitorais e posições políticas. É bom lembrar que regimes políticos de esquerda também torturaram, e muito. Não estamos aqui diante da chatíssima polaridade entre tucanos e petistas. A questão é de humanidade. Um historiador pode ser de esquerda, de direita, conservador e apolítico. Mas, no meu ponto de vista, um historiador deve ter um compromisso ético com a humanidade. Por isso, vou comentar alguns trechos da matéria que me pareceram particularmente assustadores. Isso vale também como exercício de leitura crítica.

1. "história do processo movido pela ditadura militar contra a presidente eleita Dilma Rousseff descrevem a ex-militante como uma figura de expressão nos grupos em que atuou, que chefiou greves e "assessorou assaltos a bancos", e nunca se arr...ependeu." Nunca se arrependeu: isso merece reflexão. Arrependimento é questão de consciência, quem solicita esse tipo de conversão é o confessor. Isso nunca pode ocorrer num tribunal. A Justiça pesa atos e responsabilidades, só numa lógica de tipo fascista um Juiz pode pretender dominar a consciência, a subjetividade do réu. Se a frase consta dos documentos, mostra-se o fascismo da situação ditatorial. Se for do jornal mesmo, mostra o fascismo da situação. Mostra o fascismo da situação, enfim. Essa confusão também é reveladora, porque mesmo que com alegada imparcialidade, a estrutura de um texto jornalístico revela seus pressupostos ideológicos. No caso, a voz narrativa da matéria se confunde, algumas vezes, com a dos torturadores.

2. "Na denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar contra os integrantes do grupo de esquerda VAR-Palmares, Dilma é chamada de "Joana D'Arc da subversão". "É figura feminina de expressão tristemente notável", escreveu o procurador resp...onsável pela denúncia." Eu já tinha notado, em outros poucos documentos da ditadura que li, essa mistura grotesca de erudição e violência. Os caras se divertiam inventando referências histórico-poéticas. Joana darc da subversão. O jornal partilha o mesmo gosto duvidoso pelo grotesco. Isso mostra, como comentei algumas vezes na aula, que erudição não é sinônimo de ética.

3. ‎"Os arquivos trazem ainda cópia do depoimento que Dilma prestou em 1970 ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), delegacia em que ela ficou presa e foi torturada. No interrogatório realizado no dia 26 de fevereiro daquele ano, Di...lma, sob intensa tortura, segundo o depoimento, listou nomes de companheiros, indicou locais de reuniões, e admitiu que uma das organizações da qual fazia parte, o Colina, fez pelo menos três assaltos a banco e um atentado a bomba. Mas ressalvou que nem ela nem o então marido, Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, tiveram "participação ativa" nas ações. " Aqui muita coisa pode ser dita. Em primeiro lugar, a própria estrutura do texto: o estatuto de verdade dos arquivos: a voz do documento se confunde com a voz de quem escreveu essa coisa. Depois, ao contrário, as expressões de dúvida, as aspas, recurso muito usado em jornalismo pra criar desconfiança no que uma pessoa diz. É só comparar: o documento DESCREVE no primeiro parágrafo. O depoimento de Dilma foi obtido sob intensa tortura, SEGUNDO o que ela diz. Imaginemos duas frases diferentes e comparemos seus efeitos de verdade: "Dilma foi torturada"; "Dilma foi torturada - é o que ela diz". Outra coisa é a delação: imagino que quem escreveu a matéria, como eu, nunca foi torturado. Mas conhecemos a dor. Então, com um pouco de imaginação é possível entender como uma pessoa fica destruída durante a tortura. A delação, aliás, é parte da tortura. Porque, e isso, acreditem, já li muito sobre terrorismo de Estado e repressão política, também em regimes de esquerda: nenhum torturador acredita que a delação obtida na tortura é confiável. Ele sabe que, sob tortura, uma pessoa pode dizer qualquer coisa pra se livrar do suplício. No máximo, a delação serve para confirmar uma suspeita. Mas, principalmente, a delação cria na pessoa um tormento incrível: ela se sente depois culpada, traidora. Não consegue mais olhar os antigos amigos etc. Em segundo lugar, temos o cinismo: porque com a delação a responsabilidade pela repressão é transferida. É o delator que passa a ser considerado o culpado da tortura e do desparecimento da pessoa, e não o Estado. É muito cinismo. Neste caso, o Globo simplesmente continua o processo de tortura contra Dilma. Não interessa a opinião que voce tenha sobre ela, contra ou a favor, mas nesse caso não dá para escapar disso. O Globo se tornou um jornal que pratica Tortura Psicológica.

4. "Num relatório sobre guerrilheiros da VAR-Palmares, o delegado Newton Fernandes, da Polícia Civil de São Paulo, traça um perfil de 12 linhas sobre Dilma. Segundo ele, ela era "uma das molas mestras e um dos cérebros dos esquemas revolucion...ários postos em prática pelas esquerdas radicais". O delegado diz que a petista pertencia ao "Comando Geral da Colina" e era "coordenadora dos Setores Operário e Estudantil da VAR-Palmares de São Paulo, como também do Setor de Operações"." O Globo usa aqui o título de "petista". Uma escorregadela, não sei se proposital mas reveladora. Ela não é petista? Sim, mas não era petista na ocasião do processo e da tortura. Não há cuidado histórico aqui. Vamos prestar atenção no texto: "o delegado diz que a petista pertencia ao Comando etc". O delegado não pode ter dito que a petista etc, quem diz que a petista etc é o Globo. Aqui a mistura dos tempos (passado e presente) e de vozes (o delegado e o jornalista) mostra, de novo, coom a voz do Globo se confunde com a voz do delegado. E como o alvo do Globo não é informar o leitor etc, como o jornal pode candidamente alegar, e sim atingir a "petista". O texto é de propaganda política.

5. Há um elogio à inteligência da Dilma, feito pelos documentos da repressão. Mas, numa situação como essa, a inteligência NÃO é uma virtude. Os repressores costumam exaltar a inteligência dos subversivos, não porque isso os torna melhores e sim porque os torna MAIS PERIGOSOS. Depois dessa passagem vem a resposta da Dilma ao senador Agrippino Maia. O jornal não se posiciona sobre o assunto. Deixa a Dilma se defender sozinha e questionar a tortura. Mas, o torturador já avisou antes: cuidado, ela é inflexível e muito inteligente.

6. Um adendo que está longe de ser detalhe. No Brasil ainda hoje se pratica tortura. Pode ser que não tortura com fins políticos. Mas tortura, execução sumária, esse tipo de prática ainda é recorrente no nosso país.

7. Outro: o governo Lula foi ambíguo e mesmo covarde diante da questão da ditadura militar. Não me refiro à memória ou coisa assim, e sim à questao da justiça. Honestino Guimarães, um ex-aluno da UnB, por exemplo, tem data e documento oficial reconhecendo sua morte. Mas, ainda é um desaparecido político. Conheço sua mãe, Maria Rosa, ela até hoje não sabe onde, quando, em que ano, sob que circunstâncias o seu filho foi assassinado pelo Estado. Isso pode ser estratégia política, mas é uma forma de cumplicidade.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

V Seminário Internacional do PEJ



V Seminário Internacional

" Historiografia e Literatura Apocalíptica no séc.I d.C:
Aspectos da Literatura Judaica no Mediterrâneo entre Leituras do Passados e Historiografia do Futuro"

24,25,26 de Novembro
Auditório do IH

Conferências (24-26/11 - sempre às 18h):
Prof.Dra. Zuleika Rodgers - Trinity College, Dublin - Irlanda


Inscrições Gratuitas
Dpto. de História com Leila ou no PPGHIS com Kezia

maiores informações:
http://www.pej-unb.org/events_int_unb_2010_br.htm






quinta-feira, 18 de novembro de 2010

THE PARTISAN - Leonard Cohen (letra e vídeo)

THE PARTISAN - Leonard Cohen (letra e vídeo)

No prefácio ao livro Entre o Passado e o Futuro, Hannah Arendt fala sobre o "tesouro perdido" da liberdade e da ação política, a partir dos relatos e memórias dos participantes da Resistência Francesa. O "tesouro perdido" seria a experiência intensa e efêmera da liberdade e da amizade políticas, num mundo contemporâneo que tenderia a abolir esse tipo de situação, tendo em vista o predomínio do consumismo, da futilidade e da violência. Essa música de Leonard Cohen, poeta e músico canadense, também fala deste tesouro. Seu tom é o de uma elegia,há um clima de lamentação pelas perdas, mas acompanhado de uma intensa sensação de solidariedade. Não somente a letra, mas a música e o arranjo transmitem essa tonalidade de melancolia e dignidade.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O lenço dos namorados


“Este é o lenço

Este é o lenço de Marília,
pelas suas mãos lavrado,
nem a ouro nem a prata,
somente a ponto cruzado.
Este é o lenço de Marília
para o Amado.

Em cada ponta, um raminho,
preso num laço encarnado;
no meio, um cesto de flores,
por dois pombos transportado.
Não flores de amor-perfeito,
mas de malogrado!

Este é o lenço de Marília:
bem vereis que está manchado:
será do tempo perdido?
será do tempo passado?
Pela ferrugem das horas?
ou por molhado
em águas de algum arroio
singularmente salgado?

Finos azuis e vermelhos
do largo lenço quadrado,
- quem pintou nuvens tão negras
neste pano delicado,
sem dó de flores e de asas
nem do seu recado?

Este é o lenço de Marília,
por vento de amor mandado.
Para viver de suspiros
foi pela sorte fadado:
breves suspiros de amante,
- longos, de degredado!

Este é o lenço de Marília
nele vereis retratado
o destino dos amores
por um lenço atravessado:
que o lenço para os adeuses
e o pranto foi inventado.

Olhai os ramos de flores
de cada lado!
E os tristes pombos, no meio,
com o seu cestinho parado
sobre o tempo, sobre as nuvens
do mau fado!

Onde está Marília, a bela?
E Dirceu, com a lira e o gado?

As altas montanhas duras,
letra a letra, têm contado,
sua história aos ternos rios,
que em ouro a têm soletrado...

E as fontes de longe miram
as janelas do sobrado.

Este é o lenço de Marília
para o Amado.

Eis o que resta dos sonhos:
um lenço deixado.

Pombos e flores, presentes.
Mas o resto, arrebatado.

Caiu a folha das árvores,
muita chuva tem gastado
pedras onde houvera lágrimas.
Tudo está mudado.

Este é o lenço de Marília
como foi bordado.
Só nuvens, só muitas nuvens
vêm pousando, têm pousado
entre os desenhos tão finos
de azul e encarnado.
Conta já século e meio
de guardado.

Que amores como este lenço
têm durado,
se este mesmo está durando
mais que o amor representado?”

Cecília Meirelles
(1901-1964)

Este poema de Cecília Meireles não está no Romanceiro da Inconfidência. Mas nele aparecem dois personagens que fazem parte da memória da Inconfidência: o poeta exilado Tomás Antonio Gonzaga e Maria Doroteia, sua noiva: a conhecida história da separação entre os dois. No poema, não se trata de uma descrição do passado, mas da reflexão de alguém que observa um vestígio (o lenço, provavelmente inspirado na tradição do “lenço dos namorados”) e mergulha na memória pela via do sentimento da nostalgia, da perda, do amor não realizado. O poema não abole, preserva a distância entre presente e passado. Mas, ao mesmo tempo, faz um curto-circuito entre os tempos porque, ainda que extremamente reflexiva (notem-se os pontos de interrogação), a poeta compartilha as emoções de Marília. Emoções depositadas no vestígio, porque o lenço não seria apenas um documento sobre o passado, mas um objeto carregado de sensações. Mais especificamente, a sensação (universal?) da finitude. Outro poema, o de abertura do Romanceiro da Inconfidência, tem alguns versos sobre a relação especial entre a poeta e o passado. Ali, ela diz ser capaz de ouvir as flores, o vento, a voz das ruínas. Neles, a memória estaria presente, não como “representação coletiva” ou “faculdade psíquica” e sim como Musa, voz inspiradora. Uma relação imediata com os vestígios, o passado presente por meio de evocações sensíveis e sensoriais. Estamos no terreno do mito. Não da mentira, porque o mito não cabe nas distinções do verdadeiro e do falso. Definitivamente, este é um terreno vedado àqueles que precisam de metodologia para discorrer sobre a dor dos séculos passados e do presente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A história e a superficialidade do google

1. Este breve comentário é inspirado no livro de Vilem Flusser: O Universo das Imagens Técnicas. O elogio da superficialidade.

2. Mais pra frente, porei aos poucos um ensaio mais "sério" sobre a relação entre internet e ensino, baseado num texto que apresentei na ANPUH-DF. Por hoje, quero ser supericial. Coisa que raramente a Academia permite.

3. O google é um leitor superficial."Ele" não quer saber se as coisas que escrevemos fazem sentido. Como diria Vilem Flusser, o google jamais seria um filósofo existencialista. Ele desliza sobre a superfície das palavras, não interpreta.
Isso pode,muitas vezes,dar um ar de estupidez ao jeito google de ler. Porque o google aceita praticamente tudo o que "mandamos" que ele pesquise. O google sempre vai encontrar relações entre os termos mais disparatados. E não se preocupa, por exemplo, se "emo" é um termo atual que designa um estilo de juventude ou se "emo" é terminação algo arcaica de um modo verbal ("lamentarmo-no-emos"). Os historiadores tendem a rejeitar esse método superficial de leitura, porque preferem acreditar na profundidade do tempo e da linguagem. Mas, por outro lado, boa parte da cultura e da arte contemporâneas aceitam e, mais, fazem o elogio da superficialidade: porque ela teria maior potencial de criação do que o artista romântico preso ao seu ego e porque ela seria mais libertária ao implodir a idéia de que alguns signos são mais fundamentais (ou profundos) do que outros.

4. Sobre o assunto do aproveitamento da superficialidade na poesia contemporânea, consultar, por exemplo: Marjorie Perloff. A escada de Wittgenstein.

5. Vou deixar aqui alguns exemplos do que o google é capaz de fazer em termos de "pesquisa histórica". Claro que é somente uma brincadeira, um jogo superficial. Em alguns momentos, podemos rir. Em outros, achar a piada sem graça. Em outros, ficarmos surpresos com a acuidade desse programa geralmente tratado como o próprio símbolo da decadência cultural contemporânea. O jogo que fiz é simples, baseia-se no fato de que, geralmente, quando colocamos a expressão "da história" no google, surge uma "linha do tempo", uma cronologia.

Os acontecimentos mais "nada a ver" da história

Os grandes "puxa-sacos" da história

os grandes emos da história


os maiores "ele vive no mundo da lua" da história


e pra encerrar, aproveitando a metáfora marxista da "luta de classes como motor
da história: torque no motor da história

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nuvem de Palavras: A Era do Extremo




No site www.wordle.net, você pode transformar um texto numa "nuvem de palavras". Você pode escolhar a fonte, o layout, as cores. As palavras que mais aparecem no texto ganham maior destaque. Pus A Era dos Extremos do Eric Hobsbawm e este foi o resultado. Uma condensação narrativa de um livro que o próprio autor apresenta mais como memórias do que uma história do século XX.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Agenda de Mini-cursos (em cooperação com o Repositório Digital de Material Didático em História)

Outubro

22 de outubro: Cartografia básica, com a prof.a Vevila Rezende

29 de outubro: Experiências em pesquisa (via video-conferência), com Manoela Pedroza.


Novembro

5 de novembro: Cartografia Digital, com a prof.a Vevila Rezende

12 de novembro: I3geo e suas possibilidades no geoprocessamento, com o geógrafo Edmar Moretti

19 de novembro: Arqueologia: métodos, técnicas e sua difusão no Brasil, com o prof. Leonardo Napp

26 de novembro: CMS, Joomla e ferramentas para internet colaborativa (uma abordagem para historiadores), com o prof. Tiago Luís Gil

Dezembro

10 de dezembro: Bancos de dados e pesquisa em história, com os prof.s Leonardo Barleta e Tiago Luís Gil

Janeiro

07 de janeiro: Demografia Histórica: temas, problemas e métodos, com a prof.a Bruna Sirtori

21 de janeiro: Estatística básica (para historiadores), com o prof. Luiz Paulo Nogueról


Sala de Multimeios - Departamento de História

14h ( com duração de 2 h cada mini-curso)

Mais detalhes: atlas.cliomatica.com


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

V Simpósio Nacional de História Cultural



Universidade de Brasília

8 a 12 de novembro de 2010
Auditório do Centro de Excelência em Turismo (CET)

Aula Inaugural

No dia 04/11, quinta-feira, às 10 horas, no Auditório Joaquim Nabuco da FA, teremos a aula inaugural do semestre. Será com a professora Vavy Pacheco Borges, com o tema: Vida, História, Biografia.

A professora Vavy Borges, da Unicamp, dedicou parte de sua vida como pesquisadora à questão da história dos conceitos políticos, explorando o modo como eles emergem em meio a polêmicas e disputas e depois, por meio de uma espécie de cristalização, tornam-se parte aparentemente natural do vocabulário histórico. Vavy se dedicou, em especial, a conceitos como "tenentismo" e "oligarquia" (vide o livro Tenentismo e revolução brasileira, publicado em 1992 pela Editora Brasiliense). Mais recentemente Vavy tem se dedicado à produção e à reflexão sobre a biografia e sua relação com a história. Neste campo, publicou o livro Em busca de Gabrielle. E vem trabalhando numa biografia sobre Ruy Guerra.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Edital financia participação de alunos de graduação em eventos

Olá pessoal, nessas minhas voltas com o PIC ( Programa de Iniciação Científica), descobri também que não é só a pós- graduação que tem ajuda de custo para os alunos participarem de congressos e eventos científicos afins tanto no Brasil como no exterior. O auxílio financeiro da UnB cobre o valor das passagens aéreas de classe econômica.

O estudante de graduação deve entrar em contato com o DEG (Decanato de Ensino de Graduação), solicitanto o auxílio 30 dias antes do evento. Anexo ao formulário de solicitação deverão constar:

  • programação do evento;
  • comprovante oficial de aceitação de apresentação de artigo;
  • cópia completa do artigo a ser apresentado no evento;
  • histórico escolar;
  • carta do orientador, avalizando o trabalho a ser apresentado.
Depois o estudante deverá prestar contas ao DEG até dez dias depois do evento.

Para maiores informações:

http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=2926#

http://www.unb.br/administracao/decanatos/deg/edital ( nesse link procurar por: EDITAL DEG 04/2010 - REITIFICAÇÃO - Auxílio para Participação de Alunos de Graduação em Eventos Científicos Internacionais)

Aproveitem a oportunidade para divulgar sua pesquisa e conhecer a produção dos colegas de graduação de outras universidades!

Platão político: on line o primeiro seminário da III Escola de Altos Estudos Capes/Archai‏


Está disponível a gravação em vídeo do primeiro seminário ("Platão político") da III Escola de Altos Estudos Capes/Archai: "Platão político de Aristóteles ao século XX: a hermenêutica de um escândalo" , ministrado pelo Prof. MARIO VEGETTI (Universidade de Pavía, Itália).

A III Escola de Altos Estudos Capes/Archai é uma promoção do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade de Brasília, do Grupo Archai: as origens do pensamento ocidental e da Sociedade Brasileira de Platonistas (www.platao.org) e conta com o apoio da CAPES.

O curso será desenvolvido ao longo de 8 seminários, sempre às 14h, conforme o Calendário a seguir:

11 out: Platão político
18 out: Intérpretes e críticos de Aristóteles à Renascença
19 out: Ás origens da Modernidades: Kant e Hegel
20 out: Liberais e socialistas na Europa do século XIX
25 out: De Wilamowitz ao Platão nazista
26 out: O Platão anglosaxão de Russell a Popper
01 nov: As defesas de Platão contra Popper: Platão apolítico?
03 nov: Platão e a utopia hoje

Os seminários serão transmitidos AO VIVO, pela WEB, no endereço www.archai.unb.br


XVI Congresso de Iniciação Científica da UnB


Participe do XVI Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Brasília.
É uma oportunidade de interagir com a pesquisa científica dentro da Universidade
e conhecer o que os nossos colegas de graduação vêm produzindo.

Dias 08 (segunda-feira) a 11 (quinta-feira) de novembro de 2010,
na Universidade de Brasília, das 9h às 18hs, nos Corredores do ICC SUL.

Programação:
Dia 08.11.2010 - Abertura: Anf. 05 - ICC Sul
Dia 09.11.2010 – Exposição de pôsteres Área: Vida – ICC Sul
Dia 10.11.2010 – Exposição de pôsteres Área: Artes e Humanidades – ICC Sul
Dia 11.11.2010 – Exposição de pôsteres Área: Exatas – ICC Sul


ProIC/DPP/UnB
Universidade de Brasília - UnB
Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação - DPP
Programa de Iniciação Científica - ProIC
fone:(61) 3307.2917 / 3307.2658
fax: (61) 3307.2065

História e Música V: DEZESSEIS

A outra música escolhida para análise é Dezesseis, lançada no álbum Tempestade, de 1996. Nela é contada a história de João Roberto, “o nosso Johnny”, um adolescente popular que participava de “pegas” – corridas ilegais de automóveis realizadas em vias urbanas –, conquistava corações com seu violão e acabou por encontrar a morte ao colidir seu Opala com um caminhão.

A composição estabelece a trama ao traçar um paralelo cultural Brasília-EUA, um recurso já usado em outra música narrativa do grupo, Faroeste Caboclo. Em Dezesseis, há essa justaposição de elementos particulares com, graças à potência dos meios de comunicação de massa norte-americana, outros globalmente partilhados, aludindo a um só tempo ao cotidiano e lugares de Brasília e ao ambiente do teenager estadunidense da década de 50 do século XX.

O tema que introduz a música, e retorna abrindo as estrofes, logo remete ao rock dançante típico do período, de influência country, chamado rockabilly, tão conhecido na voz de Elvis Presley, ainda que agregue distorção às guitarras, numa atualização da referência. A narrativa, de imageria cinematográfica que põe carros para explodir (Só deu pra ouvir foi aquela explosão/E os pedaços do Opala azul de Johnny pelo chão), provavelmente faz referência a um ator ícone desse momento, James Dean, de apelido Jimmy, que morreu jovem, aos 24 anos, em um acidente automobilístico enquanto ia para uma corrida de carros. Contudo, Johnny não morreu a caminho de Salinas, na Califórnia, como o ator de Juventude Transviada. Não, ele morreu a caminho da Curva do Diabo em Sobradinho. Seu carro não era um Porsche 550, era um Opala metálico azul.

Vários outros signos remetem a uma ambiência na capital federal (Era o rei dos pegas na Asa Sul [...] Não vai ser no CASEB, nem no Lago Norte, nem na UnB), em meio a citações de grandes ídolos do rock (Sabia tudo da Janis, do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling Stones), compartilhando da valorização do carro e da velocidade típica dos teenagers (As máquinas prontas, o ronco de motor). A canção comporta ainda uma intertextualidade com uma música dos Beatles (Strawberry Fields Forever).

Desse modo, a história constrói uma representação, um espaço fictício que é simultaneamente o próximo e o longínquo. Assim, localizamos a juventude brasiliense e a juventude teenager dos anos 50 em Dezesseis, mas subjaz uma condição fictícia simbólica que comunica de forma mais ampla, o que talvez explique o sucesso dessa canção com pessoas de outras cidades e regiões, desinformadas do cotidiano brasiliense, bem como com aquelas desinformadas dos grandes ícones estadunidenses da metade do século XX.

Tendo estabelecido a representação da juventude feita nessa canção como o embaralhar de signos característicos do globalmente compartilhado e do particular, pode-se comparar com a representação do jovem em Geração Coca-Cola. Abandonando as preocupações sócio-políticas, o jovem de Dezesseis imiscui-se com a idéia de juventude transviada, acusada de alienada, que freqüenta o ambiente escolar da high school, para quem há a importância da popularidade e atrativos exteriores, também dos automóveis como símbolo de uma liberdade e uma agressividade que, por sua vez, é diferente da agressividade do adolescente que vai satirizar e revidar a dominação imperialista, na outra música. Ambas, contudo, remetem a uma construção marcadamente urbana da juventude.

Outra diferença talvez remeta à forma que a letra foi escrita. Enquanto uma delas fala em primeira pessoa em nome de toda uma juventude – pós-utópica, industrializada e revoltada –, a outra conta uma história que, ao final das contas, versa sobre o amor. “Tudo por causa de um coração partido”, canta o narrador.

Uma questão presente aí é a representação do comportamento nos relacionamentos e da sexualidade. Johnny, o protagonista que “conquistava as meninas e quem mais quisesse ver”, é a figura sexualizada do teenager desejado, sensual, andrógino. Acontece, contudo, de apaixonar-se e frustrar-se. Não fosse por isso talvez imaginássemos que, seguindo o going steady, casasse cedo com a pessoa por quem nutre o amor intenso que acaba por lhe trazer a morte.

Por tudo isso, tem-se em Dezesseis uma representação da juventude enquanto grupo social particular em meio à sociedade, sendo a ele que o diretor se dirige, tentando restituir seus integrantes aos valores dominantes da sociedade (Que isso sirva de aviso pra vocês), justamente porque partilham de outros valores e de outras práticas, suficientemente divergentes para formar uma subcultura urbana. A formulação do jovem em Dezesseis traça paralelos entre essa subcultura – esse grupo social que são os jovens – de Brasília e aquele representado no cinema, na música e outros meios de comunicação, a partir dos anos 50 nos Estados Unidos, que, acaba tendo ressonâncias na imagem do jovem em toda cultura ocidental.


Amanda Camylla e Thiago Dornelles são alunos do sexto semestre de História na UnB

sábado, 23 de outubro de 2010

Internacional Situacionista


Aqui neste blog estão disponíveis
todos os números da revista do movimento, entre 1958 e 1969. Dirigida por Guy Debord, a Internacional Situacionista pode ser vista como um dos últimos movimentos de vanguarda a propor a integração entre arte e vida, propondo ações artístico-políticas de sabotagem ao capitalismo.

Uma questão para os historiadores: seria isso uma parte do passado passado, ou ainda existiria alguma atualidade neste tipo de projeto?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O texto abaixo é do site cafehistoria.ning.com. é sobre um grande acervo do Jornal do Brasil (desde 1891), disponível online

"Um Jornal para a História

O Jornal do Brasil deixou de circular no dia 31 de agosto de 2010, mas o seu acervo histórico continua vivo, disponível em sua quase totalidade para qualquer internauta

Depois de 119 anos de vida, muitos dos quais na vanguarda jornalística e na história do próprio país, o Jornal do Brasil deixou de circular em sua versão impressa no último dia 31 de agosto de 2010, conseqüência de anos de dívidas e problemas seguidos de gestão. Mas o Jornal do Brasil está longe de ser apagado da memória. E não, não estamos nos referindo à versão online do jornal, hoje a única existência do que um dia foi o JB, mas sim ao arquivo histórico do jornal, totalmente digitalizado e disponível gratuitamente para a sua consulta.

Há alguns meses, está disponível na internet quase toda a coleção do Jornal do Brasil: de 1891 aos dias de hoje. O projeto de digitalização do arquivo histórico do jornal foi executado pelo Google, através de um acordo anunciado ainda no ano de 2008. A parceria levou para a internet mais de 17.608 de edições do jornal, muitas das quais a história do Brasil seria contada de uma maneira mais pobre.

O Jornal do Brasil foi um dos mais importantes jornais brasileiros no século XX. Embora pertencente ao Rio de Janeiro, o jornal rapidamente passou a fazer parte da vida nacional. Em seus primeiros anos, ainda no final do século XIX, defendeu a monarquia e foi utilizado como instrumento de crítica à República brasileira recém-instalada por seus fundadores, Joaquim Nabuco e Rodolfo Dantas. No início do século XX, passou para uma fase de oposição republicana e ajudou a implantar no país uma linha de jornalismo profissional. Nos anos 1950, ajudou a reformular o jornalismo brasileiro nos âmbitos estéticos e editoriais. Cobriu importantes acontecimentos da sociedade brasileira. Em algumas de suas criações, como um caderno de cultura, o Caderno B, propôs uma nova maneira de se pensar a cultura no país e ditou moda na imprensa brasileira, que passou a se dedicar também a cobertura da cultura e não apenas da política ou economia.

Na internet, o acervo está quase completo e é facilmente manuseado. Acessando o site http://news.google.com/newspapers?nid=0qX8s2k1IRwC o internauta encontra o jornal dividido por décadas. Para fazer buscas, é possível escolher ainda entre ano, mês, semana e dia. Para acessar uma edição, basta clicar nas imagens e, em seguida, na matéria. É possível ler cada edição página a página. O único problema são algumas edições faltando e um sistema de buscas ainda não muito bem desenvolvido. No entanto, o projeto é pioneiro e promete ajudar bastante os pesquisadores da imprensa no Brasil e no mundo. Então, passe o café e leia essas páginas substanciais da história do Brasil moderno, pois na internet, esse grande patrimônio histórico brasileiro ainda está de pé. É memória ainda viva."

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Instituto de Ciência Política convida para o debate A mídia e as eleições de 2010 com Flávia Biroli (IPOL) Liziane Guazina (FAC) Luis Felipe Miguel (IPOL) Nesta quinta-feira, 30 de setembro, às 9:00, no Auditório Joaquim Nabuco (FA-UnB).

sábado, 25 de setembro de 2010

Programação da ANPUH-DF

Só uma observação: no Simpósio 2: Ensino de História na cidade capital. Coordenadoras: Edlene Oliveira Silva e Susane Rodrigues de Oliveira [local: Sala de projetos especiais do HIS, às 9:00], vou fazer uma apresentação sobre a relação entre internet e ensino de história, principalmente a partir da experiência com o blog. Não vai ser uma comemoração, ou um auto-elogio. Pelo contrário, quero pensar nos limites e possibilidades do uso da internet, que tem sua lógica própria, bem diferente do funcionamento da sala de aula. A internet tende a diluir os lugares estabelecidos da autoridade, e por isso é tão libertária e ao mesmo tempo dispersiva. Na relação com o ensino, em geral, a internet se torna apenas uma espécie de complemento, apoio à sala de aula. Mas, não é aí que se encontra o seu maior potencial. Quem quiser ir e discutir, será ótimo! |De qualquer jeito, vou por aqui uma versão resumida do texto. (Daniel Faria)


V Encontro Regional da Anpuh/DF
A cidade capital: Da cidade ideal a cidade real

Brasília, 27-30 de setembro de 2010

Departamento de História, UnB


Programação geral

27 de setembro (segunda-feira)

9:00 Abertura do Encontro. Estevão de Rezende Martins (Presidente da ANPUH/DF) [local: Auditório do IH]

9:30-12:00: Conferências [local: Auditório do IH]

Grace Maria Machado de Freitas (IdA/UnB): Dos “50 anos em 5” aos 50 e aos outros: plano e utopia

Anamaria Diniz (FAU/UnB): A Goiânia pensada e a Goiânia realizada: transmutações de uma cidade incompleta

Estevão de Rezende Martins (His/Unb): Coordenador

Pedro de Andrade Alvim (IdA /UnB): Debatedor


Almoço


14:30-17:00: Conferências [local: Auditório do IH]

Fernanda Bicalho (UFF): Uma capital em dois tempos: a transferência da sede do vice-reinado e da corte portuguesa para o Rio de Janeiro

Roberto Conduru (UERJ): Rio de Janeiro, capital das artes

Albene Miriam Menezes (His/Unb): Coordenadora

Diva Gotijo Muniz (His/Unb): Debatedora


28 de setembro (terça-feira)


9:30-12:00: Conferências [local: Auditório do IH]

José Otávio Nogueira Guimarães (His/Unb): Fundação e experiências do tempo: entre a polis e Brasília

Noé Sandes (UFG): Memória, história e região: a cidade capital, Goiânia

Celso da Silva Fonseca (His/Unb): Coordenador

Marilde Loiola de Menezes (Ipol/Unb): Debatedora


Almoço


14:30-17:00: Conferências [local: Auditório do IH]

Scott Randal Paine (Fil/Unb): As duas cidades de Santo Agostinho: Coincidência e Transcedência

Susani Lemos (UNESP/Franca): Lisboa medieval: a cidade das crônicas, as crônicas da cidade

Antonio Barbosa (His/Unb): Coordenador

Estevão de Rezende Martins (His/Unb): Debatedor


29 de setembro (quarta-feira)

9:00-12:00: Simpósios Temáticos

Simpósio 2: Ensino de História na cidade capital. Coordenadoras: Edlene Oliveira Silva e Susane Rodrigues de Oliveira [local: Sala de projetos especiais do HIS]

Simpósio 4: Espaços urbanos, população e economia na história social. Coordenador: Tiago Luís Gil [local: Sala de reuniões do HIS]


Almoço


14:00-18:00: Simpósios Temáticos

Simpósio 2: Ensino de História na cidade capital. Coordenadoras: Edlene Oliveira Silva e Susane Rodrigues de Oliveira [local: Sala de projetos especiais do HIS]

Simpósio 5: Pólis, Civitas, Cidade de Deus: tempo, política e religião. Coordenadores: José Otávio Nogueira Guimarães e Maria Filomena Coelho [local: Sala de reuniões do HIS]


30 de setembro (quinta-feira)


9:00-12:00 Simpósios Temáticos

Simpósio 1: Cidades reais imaginadas. Coordenadores: Arthur Assis e Marcelo Balaban [local: Sala de projetos especiais do HIS]

Simpósio 3: Brasília e suas preexistências. Coordenadores: Andrey Rosenthal Schlee e Estevão de Rezende Martins [local: Auditório do IH]


Almoço


14:00-17:45: Simpósio Temático

Simpósio 3: Brasília e suas preexistências. Coordenadores: Andrey Rosenthal Schlee e Estevão de Rezende Martins [local: Auditório do IH]


Intervalo


18:00: Encerramento/Assembleia Geral da Anpuh/DF [local: Auditório do IH]

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pesquisando II


Como já mencionado aqui no blog, estou fazendo o PIC ( Programa de Iniciação Científica) e tendo feito algumas “ descobertas” e me propus a compartilhá-las com vocês.

No mercado já existem inúmeros trabalhos orientando a redação de textos científicos. Mas, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) teve a louvável atitude de lançar um curso on-line de redação de textos científicos.

O curso é gratuito e apresentado no formato audiovisual. A coordenação é do professor Gilson Volpato, do Instituto de Biociências de Botucatu da Unesp, e alguns módulos contam com a participação da pró-reitora de Pós-Graduação, Marilza Vieira Cunha Rudge.

O programa abrange temas como: “Controvérsias sobre os dados”, “Por que publicar?”, “O que publicar?”, “Idioma da publicação”, “Causas de negação dos artigos”, “O lado educacional”, “Como as revistas podem ajudar”, “Como os autores podem ajudar”, “Passos para a publicação”.

Os vídeos são relativamente curtos. Portanto, se você não tem tempo suficiente para vê-los por completo pode assistir apenas ao tema que te interessa.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Império Russo em cores



Segue abaixo um link que contém fotos coloridas do Império Russo:

O Mito da imparcialidade: Israel, terrorismo e a imprensa*

Não há como não comentar a forma extremamente falaciosa com que a imprensa brasileira noticiou o ataque da força aérea israelense à Faixa de Gaza, em 1.º de março de 2008, quando morreram cerca de oitenta pessoas, segundo a BBC. A atitude da imprensa brasileira sustentou as acusações da comunidade árabe de que a máxima: "árabes atacam e Israel responde" não são resultados de especulações sensacionalistas e vazias. Sem correspondentes fixos, com excessão da "base" em Nova York onde se abastecem, quando algum fato exige, com reportagens enviadas por agências internacionais como a Reuters e Associated Press, a imprensa brasileira limita-se a reproduzir notícias tão carregadas de parcialidade que chega a ser constrangedor. Das duas, uma: ou esses grandes veículos estão realmente desinformados, ou querem desinformar propositalmente.

Naquele mesmo dia, o âncora do Jornal da Band apresentava a notícia "Israel ataca a Faixa de Gaza e mata mais de cinqüenta palestinos". A Rede Bandeirantes pertence a Johnny Saad, neto de imigrantes árabes. Na Rede Globo, o Jornal Nacional anunciou às 20h30 que "Israel ataca a Faixa de Gaza e mata mais de cinqüenta palestinos em resposta aos ataques com foguetes do Hamas". O jornalismo da Globo seguiu a orientação das agências internacionais, certamente embutida em sua linha editorial, caso contrário não seria aprovada. Além da redução do número de vítimas para setenta, em relação à BBC, a Folha de S.Paulo também não escapou do padrão internacional no dia seguinte, 2 de março. O título saiu assim: "Ofensiva é uma retaliação aos ataques com foguetes". Em outra reportagem, agora no Portal G1: "Israel expulsa militantes pró-palestinos". Pode parecer normal, se não fosse um detalhe: militantes palestinos é como o portal costuma chamar os integrantes de grupos “terroristas”, e não de ativistas humanitários. Não acredite em mim, faça uma busca no G1 e comprove, como bem mostra a reportagem de 25/05 intitulada: "Israel bombardeia Gaza após ataques de foguetes de militantes palestinos". Ou seja, uma resposta ao terrorismo palestino. Israel apenas cumpriu seu papel de guardião da paz nos territórios ocupados.

Primeiramente, deve-se notar o uso incorreto de certas palavras nas notícias. Os ativistas não foram detidos, como disseram o G1 e O Globo, nem mesmo foram presos já que estavam em águas internacionais, e a marinha israelense não tem qualquer jurisdição lá. Então, os ativistas foram SEQÜESTRADOS, seria a palavra mais correta. Pelo simples fato do serviço sujo ter sido feito por uma força militar legal e constituída (apoiada pelos EUA) parece que existe uma certa amenização no tocante a verdade. Mais: os objetos dos ativistas foram roubados, já que não existia autorização legal para os israelenses a levarem. Os navios não estavam em águas israelenses, e como Israel tomou a dianteira, se tornou o criminoso da história. Também não existiu deportação. Deportar é quando alguém entra no seu país ilegalmente, e você o expulsa. Os ativistas foram postos em liberdade.


Não é uma simples questão de incluir os sempre proibidos (pelos defensores da inexistente imparcialidade jornalística) adjetivos, mas sim de usar termos incorretos para dar um panorama diferente do verdadeiro. Eu mesmo sou a favor do alinhamento de veículos jornalísticos com idéias, sejam elas políticas ou libertárias, assim como a própria História deve ser, desde que se faça isso de forma clara, séria e nunca deixando de se ater aos fatos.

O Globo, por exemplo, publicou uma matéria intitulada: Soldados Israelenses são atacados por supostos ativistas. Creio estar certo ao dizer que autodefesa é um ato para remediar um ataque que está sendo efetuado. Agora me pergunto: que ataque é esse em que os ativistas fizeram aos militares israelenses, sendo que o foi o navio deles que estava sendo invadido em águas internacionais? O ataque e o posterior massacre dos israelenses foi um ato criminoso, e desta maneira, a defesa por parte dos ativistas com o que tinham em mãos foi legítima. Se um ladrão tenta roubar seu carro, e você o espanca, o ladrão está correto? Se está correto eu não sei, mas que é uma reação perfeitamente previsível isso é. Fora que esses mesmos veículos não se fixaram em perguntar o que rolou antes dos espancamentos, já que os vídeos foram oficiais de Israel, e tiveram seus inícios cortados.

Tudo é mascarado pela bandeira da imparcialidade. Os israelenses não são tratados como invasores, mas colonos. Israel não ataca, mas se defende. Quando os palestinos atacam ou se defendem nos territórios em litígio, eles são julgados pela imprensa como assassinos de colonos judeus, enquanto soldados israelenses matam terroristas. O professor Holdorf comenta: "(...) as diferenças semânticas expostas pela imprensa comprometem a imagem de um ou outro lado do conflito." O que claramente favorece Israel, pois o assassinato é premeditado, uma ação humana contra o semelhante. Já o verbo matar não ressuscita ninguém, mas suaviza as atitudes. Pode denotar autodefesa.

Mas, logicamente que houve violência. Os ativistas realmente deram uma boa surra nos soldados armados com pedaços de pau, chinelos e sacolas de alimentos contra metralhadoras snipers. Os números não mentem: um soldado de Israel ferido, e 10 ativistas assassinados + 30 feridos.
Israel declarou a Faixa de Gaza como "território inimigo" em agosto de 2007, oito meses depois de o grupo radical Hamas ter vencido as eleições parlamentares na região autônoma palestina. O objetivo era aumentar a pressão para que o Hamas cessasse os disparos de foguetes, quase que diários, contra o território israelense. Outra medida foi a interrupção de energia elétrica e de bens de luxo para quase 1,5 milhões de habitantes. Em 2008, Israel fechou a fronteira com a Faixa de Gaza e interrompeu o abastecimento de combustível. Somente suprimentos de ajuda humanitária podem ser importados e a entrada de matéria-prima no país é proibida.




* Bill, estudante de História da Universidade de Brasília

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Convite: Lançamento revista Humanidades



Segunda-feira, às 19 horas no Carpe Diem.

sábado, 21 de agosto de 2010

Todas as Musas

Saiu o dossiê da revista Todas as Musas sobre as relações entre arte e história. O próximo número será sobre cinema e literatura (colaborações poderão ser enviadas até o dia 03/11).

O sumário do novo número, disponível online. Arte e História:


Gênero cinematográfico, iconologia da brasilidade e recepção em Guerra de Canudos e A Matadeira - Valeria Rosito
p.2
O tirano excluído. Imagens da soberania no Brasil dos anos 1930 - Daniel Faria
p.16
A estranha nação de Rafael Mendes: ficção, história e reinvenção identitária da história - Leopoldo O. C. De Oliveira
p.32
As Ideias de Ordem e a Idealização de Elizabeth I na Pintura Renascentista, em Philip Sidney e Shakespeare - Carlos Roberto Ludwig
p.55
Tango de Carlos Saura: formas de dançar e narrar a história - Juliana de Abreu Werner T.
p.73
Revolução Francesa: Cinema e Historiografia - Alfredo Oscar Salun
p.88
O memorável na contística de Cora Coralina: “Correio Oficial de Goiás” - Eliana Regina Palomares
p.100
A história revisitada e revisada em À mão esquerda, de Fausto Wolff - Paulo Alex
p.109
Revolução dos cravos: uma experiência prodigiosa - Elisangela Fátima Nogueira Godêncio
p.125
O cine-folhetim em Galvez, imperador do Acre, de Márcio Souza - Luiz Guilherme Fernandes da Costa Sakai e Geruza Zelnys de Almeida
p.137
Baile perfumado revisita Lampião: realidade, ficção e revisão de um mito construído pela História - Verônica Daniel Kobs p.150
A mulher na Espanha de Franco: uma leitura de El príncipe destronado, de Miguel Delibes - Isabela Maria de Abreu p.165

sábado, 14 de agosto de 2010


O Serviço de Orientação Universitária (SOU)

tem novo endereço no campus Darcy Ribeiro.

ICC Sul AT – 152

(61) – 31076375

sou@unb.br