sexta-feira, 28 de maio de 2010

História e Música I: INTRODUÇÃO

Como mais um exemplo da diversidade das relações da história, abrimos hoje um espaço para história e música. Teremos uma série de posts que traçam um paralelo entre a representação do jovem em duas músicas da banda de rock Legião Urbana com a representação do teenager do pós-guerra nos EUA. Seguir-se-á uma exposição sucinta sobre a história do rock and roll, desde o seu surgimento até suas ressonâncias no cenário brasiliense. Depois serão analisadas as músicas “Geração Coca-Cola” e “ Dezesseis”.

Os textos dialogam com o já não tão recente movimento na historiografia brasileira empenhado em servir-se da produção de canções populares para a composição narrativa – peculiar ao discurso acadêmico – do contexto de determinada época, bem como, para servir-se desse material como objeto mesmo da análise historiográfica.

Tendo em mente as peculiaridades fonográficas e as questões de mercado inerentes a esse tipo de troca simbólica, a música popular constitui material valioso ao historiador por sua importância na formação dos imaginários e por remeter a representações e discursos com os quais estabeleciame relações de alinhamento ou oposição. Dessa forma, a música se torna uma fonte para a historiografia discursar sobre determinado período.

Entretanto, a análise das canções populares não se esgota na sua relação com o contexto de uma época. Uma vez que, estando atenta às especificidades das linguagens do duplo eixo verbal-musical da canção, pode buscar sentidos de interesse ao discurso ao qual se filia e produz, que não seriam necessariamente os mesmos que musicólogos buscaram. Questões como a recepção, diálogo com as tradições, a performance e seus veículos, entre outras podem pautar o trabalho do historiador interessado em pesquisar essa área.

Amanda Camylla e Thiago Dornelles são alunos do quinto semestre de História na UnB

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Trecho de entrevista de Michelle Perrot.

Cadernos Pagu - Há uma forma feminina de fazer e de escrever
a história?

Michelle Perrot - Sim e não. Sim na medida em que a questão da mulher e da relação entre os sexos - que é mais importante ainda - foi colocada pelas mulheres. Os homens tomam a palavra homem no sentido universal. Os homens não são todo mundo. Pelas interrogações, pelo assunto, há uma interrogação e um ponto de vista feminino de abordar a história. Mas de outro lado não, porque o método, a forma de trabalhar de procurar as fontes, de escrever, não se diferencia do que eu fazia antes. Eu apliquei à história das mulheres as práticas e o método que utilizei na história operária. Deste ponto de vista não posso dizer que tenha dado um novo método. Senti com as mulheres a dificuldade do "invisível" da invisibilidade da história. Por que é certo, os operários são invisíveis na história, mas menos do que as mulheres porque os operários tem um movimento operário desde o século XIX, fazem greves, estão nas fábricas, criam
sindicatos, enquanto as mulheres tem muito pouco disso. Como dizia o sindicalista Fourier, elas são "o proletário dos proletários".

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mostra da Expedição Langsdorff pelo interior do Brasil

Hercules Florence: Vista de Santarém sobre o Rio Tapajós. Pará, 1828.


A exposição apresenta o percurso da expedição Langsdorff pelo interior do Brasil, desde 1821 até 1829, através de um conjunto de 156 obras, que inclui desenhos e aquarelas de Johann Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay e Hercules Florence e mapas do cartógrafo Nestor Rubtsov. A coleção mostra imagens da flora, fauna, paisagens e população documentadas ao longo do trajeto do Rio de Janeiro ao Pará, convidando o público a observar as transformações nestas regiões nos últimos 180 anos.



Data: 11 de maio a 18 de julho
Visitação: Terça a domingo, das 10h às 21h
Local: CENTRO CULTURAL DO BANCO DO BRASIL

sexta-feira, 14 de maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Carlos Drummond de Andrade. Museu da Inconfidência

"São palavras no chão
E memórias nos autos.
As casas inda restam,
Os amores, mais não.

E restam poucas roupas,
Sobrepeliz de pároco
E vara de um juiz,
Anjos, púrpuras, ecos

Macia flor de olvido,
Sem aroma governas
O tempo ingovernável.
Muitos pranteiam. Só.

Toda a história é remorso."

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Iniciação Científica 2010/2011


O Grupo de Pesquisa
HISTORIOGRAFIA E LITERATURA
anuncia

a abertura de inscrições para participação como bolsista no projeto
Usos e abusos do anacronismo: historiografia e literatura
Temas:
• NOVOS PASSADOS NO SÉCULO XVIII
prof. André Leme Lopes (HIS) – 3 vagas
• BRASIL ANACRÔNICO?
prof. Daniel Faria (HIS) – 3 vagas
• PRESENÇAS CLÁSSICAS NO SÉCULO XX
prof. José Otávio Guimarães (HIS) – 3 vagas
Pré-requisitos:
• ser aluno regularmente matriculado na UnB;
• com, no mínimo, dois semestres completos antes do segundo semestre letivo de 2010.


Inscrições pelo e-mail gphl.unb@gmail.com até quinta-feira, 13/5/2010.
Deve constar, obrigatoriamente, na inscrição: nome completo, número de matrícula, justificativa do interesse em participar da pesquisa (máximo de 20 linhas). A divulgação do resultado da seleção será na sexta-feira, 14/5/2010, 14h.

sábado, 1 de maio de 2010

Borges


“Eu tenho um conto sobre um homem que decide desenhar o mundo. Então, senta frente a uma parede branca – nada impede que pensemos que essa parede é infinita -, e o homem começa a desenhar todo tipo de coisas: desenha âncoras, desenha bússolas, desenha torres, desenha espadas, desenha bengalas. E continua desenhando assim, durante um tempo indefinido – porque ele teria atingido a longevidade. E enche essa longa parede de desenhos. Chega o momento de sua morte, e então lhe é permitido ver – não sei muito bem como -, com uma só olhada, toda sua obra, e percebe que o que desenhou é um retrato de si mesmo. Agora, eu acho que essa parábola ou fábula minha poderia se aplicar aos escritores, ou seja, um escritor pensa que fala de muitos temas, mas o que realmente deixa é, se tiver sorte, uma imagem de si próprio.” Jorge Luís Borges