quarta-feira, 26 de maio de 2010

Trecho de entrevista de Michelle Perrot.

Cadernos Pagu - Há uma forma feminina de fazer e de escrever
a história?

Michelle Perrot - Sim e não. Sim na medida em que a questão da mulher e da relação entre os sexos - que é mais importante ainda - foi colocada pelas mulheres. Os homens tomam a palavra homem no sentido universal. Os homens não são todo mundo. Pelas interrogações, pelo assunto, há uma interrogação e um ponto de vista feminino de abordar a história. Mas de outro lado não, porque o método, a forma de trabalhar de procurar as fontes, de escrever, não se diferencia do que eu fazia antes. Eu apliquei à história das mulheres as práticas e o método que utilizei na história operária. Deste ponto de vista não posso dizer que tenha dado um novo método. Senti com as mulheres a dificuldade do "invisível" da invisibilidade da história. Por que é certo, os operários são invisíveis na história, mas menos do que as mulheres porque os operários tem um movimento operário desde o século XIX, fazem greves, estão nas fábricas, criam
sindicatos, enquanto as mulheres tem muito pouco disso. Como dizia o sindicalista Fourier, elas são "o proletário dos proletários".

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