sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A história e a superficialidade do google

1. Este breve comentário é inspirado no livro de Vilem Flusser: O Universo das Imagens Técnicas. O elogio da superficialidade.

2. Mais pra frente, porei aos poucos um ensaio mais "sério" sobre a relação entre internet e ensino, baseado num texto que apresentei na ANPUH-DF. Por hoje, quero ser supericial. Coisa que raramente a Academia permite.

3. O google é um leitor superficial."Ele" não quer saber se as coisas que escrevemos fazem sentido. Como diria Vilem Flusser, o google jamais seria um filósofo existencialista. Ele desliza sobre a superfície das palavras, não interpreta.
Isso pode,muitas vezes,dar um ar de estupidez ao jeito google de ler. Porque o google aceita praticamente tudo o que "mandamos" que ele pesquise. O google sempre vai encontrar relações entre os termos mais disparatados. E não se preocupa, por exemplo, se "emo" é um termo atual que designa um estilo de juventude ou se "emo" é terminação algo arcaica de um modo verbal ("lamentarmo-no-emos"). Os historiadores tendem a rejeitar esse método superficial de leitura, porque preferem acreditar na profundidade do tempo e da linguagem. Mas, por outro lado, boa parte da cultura e da arte contemporâneas aceitam e, mais, fazem o elogio da superficialidade: porque ela teria maior potencial de criação do que o artista romântico preso ao seu ego e porque ela seria mais libertária ao implodir a idéia de que alguns signos são mais fundamentais (ou profundos) do que outros.

4. Sobre o assunto do aproveitamento da superficialidade na poesia contemporânea, consultar, por exemplo: Marjorie Perloff. A escada de Wittgenstein.

5. Vou deixar aqui alguns exemplos do que o google é capaz de fazer em termos de "pesquisa histórica". Claro que é somente uma brincadeira, um jogo superficial. Em alguns momentos, podemos rir. Em outros, achar a piada sem graça. Em outros, ficarmos surpresos com a acuidade desse programa geralmente tratado como o próprio símbolo da decadência cultural contemporânea. O jogo que fiz é simples, baseia-se no fato de que, geralmente, quando colocamos a expressão "da história" no google, surge uma "linha do tempo", uma cronologia.

Os acontecimentos mais "nada a ver" da história

Os grandes "puxa-sacos" da história

os grandes emos da história


os maiores "ele vive no mundo da lua" da história


e pra encerrar, aproveitando a metáfora marxista da "luta de classes como motor
da história: torque no motor da história

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