sexta-feira, 26 de março de 2010

Para Pensar

"Quanto à narração dos acontecimentos da guerra, pensei não dever escreve-los confiando em informações de qualquer um, nem nas minhas impressões pessoais; falo apenas por testemunhos oculares ou depois de uma crítica tão apurada e completa quanto o possível das minhas informações. Isso não se faz sem dificuldades, pois, em cada acontecimento, os testemunhos divergem segundo as simpatias e a memória de cada um. Minha história terá menos encantos que o mito; mas, quem quiser esclarecer a história do passado e reconhecer no futuro as semelhanças e analogias da condição humana, basta-me que a considere útil. Esta história é uma conquista definitiva e não uma obra aparatosa para um auditório de momento." (Tucídides, A Guerra do Peloponeso, I, p.22)

"Nam quis nescit primam esse histororiae legem, ne quid falsi dicere audeat? Deinde ne quid veri non audeat?"
[Quem ignora que a primeira lei da história é não dizer nada de falso? E a segunda, ousar dizer toda a verdade?] (Cícero, De oratore, II, 15, 62).

Se encontra em grande parte dos historiadores greco-romanos a preferência do estudo pelo passado recente. O discurso histórico é criado no Ocidente a partir da busca pela verdade, pelo que de "fato aconteceu", diferenciando-se de outros discursos. Imperava ainda uma concepção cíclica do tempo, e a história se fazia como exemplo para gerações futuras que poderiam se encontrar em situações semelhantes: "A história seria, assim, imóvel, eterna, ou melhor, ofereceria a possibilidade de ser o recomeço eterno do mesmo modelo de mudança. E este modelo é a guerra" (Le Goff, pág. 77).


Bibliografia:

LE GOFF, Jacques. História e memória. 5. ed. Campinas: UNICAMP, 2003. 541 p. (Na BCE: 930 L516s 5. ed. =690)

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